1.09.2007

Apaixonados

E pronto, lá passou por cá mais uma edição do Lisboa-Dakar.

Onde foi dado público e vivíssimo testemunho da paixão arrebatadora que os portugueses, de todas as idades, estratos sociais, regiões, cores e feitios nutrem pelo desporto motorizado.
Especialmente por aquele que se desenrola de manhãzinha algures no meio do monte, a implicar deslocações nocturnas, farnel, fogueira e copos com fartura.

Os flashes do costume:

Era ver, A1 e A13 abaixo, pelas 5 da manhã e debaixo de impiedoso nevoeiro, a malta de jipe, de moto, de carro, a avançar em direcção a Grândola.

E ao final do dia, a mesma (normalmente deserta) A13 com um movimento para norte que nunca antes tinha visto...

Caravanas de moto4, carros ligeiros com reboques com as mesmas moto4 e imensos jipes com alguma preparação TT, todo o "bicho carêta" abandonou o sossego dos lençóis e arrancou para ver passar o Dakar!

UMM´s Alter de capota de lona com 20 anos, Nissan Patrol GR´s com ar de máquina de guerra e Porsche Cayennes V8 de 2006, viu-se de tudo por aquelas bandas...

Ver também, via Eurosport, aquele motard algarvio a consertar o turbo do VW Touareg de Ari Vatanen, ao mesmo tempo que, em inglês escorreito, lhe explicava o que estava a fazer no motor do VW, para espanto e satisfação do piloto/deputado europeu finlandês, que à custa da intervenção do espontâneo tuga, ainda continua em prova após a borrada que fez ao passar a ribeira algarvia...

Deliciarmo-nos com a imagem doutro motard em prova na Comporta, que após cair pela enésima vez na areia mole do troço e receber ajuda de um espectador, bebe um trago da mine que este segurava ao mesmo tempo que lhe punha a moto em pé!

De um número avançado no dia de 200.000 pessoas que terão aparecido pela zona da Comporta, evoluimos no final do dia para 400.000, para no dia seguinte se falar, no número global de pessoas que, estrada fora, estiveram a ver passar a caravana, de ... 750.000 pessoas!

Apenas lamento que o excesso de entusiasmo de alguns grunhos, regado a álcool e embalado pela falta de sono, tenha levado aos naturais excessos (a fazer lembrar imagens antigas do nosso Rally de Portugal), amplamente relatados na reportagem do Eurosport, que invadiram a pista, colocando toda a gente em perigo.

Do traçado escolhido, achei graça à ideia da areia, mas não me agrada a ideia de ver repetida a etapa naquele local:

- por ser tão perto de Lisboa;
- por ter acessos fraquíssimos e afunilados;
- por ser excessivamente lenta e difícil a progressão dos concorrente.

Preconizo a ajuda em 2008 de José Megre, inquestionavelmente o "senhor TT" em Portugal, que em 2006 tão bem organizou a etapa alentejana do Lisboa-Dakar.

Etapa que se quer em linha e não em sistema "carrossel" como este ano, Alentejo abaixo, para permitir espalhar convenientemente as pessoas ao longo do traçado, ao mesmo tempo que abre campo aos concorrentes para darem mais "gás" sem correrem tantos riscos.

Um tributo aos maluquinhos que todos os anos se inscrevem nesta aventura e à paixão portuguesa, da qual orgulhosamente comungo desde que me conheço, pelo desporto motorizado!

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