5.08.2008

O Rui

Primeira metade da década de 90.

Aproveitando mais um amabilíssimo convite full board (viagem, almoço, passeata, bola no camarote, ceia com marisquinho e imperial e regresso a casa em classe executiva...), mais uma eliminatória europeia ao vivo no Estádio da Luz. Algo distraído, como sempre no que toca ao futebol, deito o olho à equipa provável do Benfica, na época treinada pelo senhor Eriksson (esse mesmo).
Reparo num nome, na posição de avançado, que nunca tinha visto: Rui Costa.
Pergunto, intrigado: quem é este? Respondem-me que era um puto e que diziam que era muito bom.
Lá segui a sua exibição com atenção. Jogava bem, sim senhor.
Em 1993 ou 1994, estive num Benfica-Parma, meia-final da Taça Uefa, no terceiro anel de um Estádio da Luz quase cheio, onde os adeptos em coro cantaram os parabéns ao Rui, que fazia anos nesse dia.
Alguns anos depois, já mais homenzinho (o Rui, claro está...), voltei a vê-lo jogar ao vivo, pela Fiorentina, num jogo da UEFA contra o Benfica. Nesse jogo, na altura em que foi substituído, ouvi o maior aplauso que me lembro de assistir a um jogador da equipa adversária.
Estava sentado muito perto do banco Viola e o Rui ficou de pé, com os braços apoiados à cobertura. Quando Batistuta marca o golo da vitória (um golo fabuloso, aliás), ele abanou a cabeça, cabisbaixo, enquanto toda a equipa festejava. (Nota: este jogo não foi aquele amigável em que o mesmo jogador chorou ao marcar um golo à sua antiga equipa)
Guardo também aquele momento amargo, passado em Berlim em 1997, em que o Rui viu um (segundo) cartão amarelo numa situação em que NUNCA mais vi ninguém ser admoestado: por demorar um pouco mais a render um colega numa substituição.
Perdemos esse jogo, com 10, depois de jogarmos muitíssimo bem e termos encostado os boches à boxe, às mãos de um senhor chamado Marc Batta (quem se lembra deste ranhoso?)
Mais tarde, em 2004, marcou o golo que mais festejei na minha carreira de adepto: o 2-1 à Inglaterra, no prolongamento daquele memorável jogo, de novo no Estádio da Luz. Vitória de Pirro, como se viu... recuperada alguns minutos depois nos penaltis!
Voltei a vê-lo jogar ao vivo contra a Académica, no ano passado e este ano.
Retenho dele aquele toque de bola especial e a forma como centrava a bola para a área. O problema era mais da falta de qualidade dos executantes que recebiam esses centros, mas essa é outra história.

Deixo este tributo ao Rui Costa, a uma forma elegantíssima de estar em campo, a muitas jogadas de encher o olho e a um atleta devoto de um clube, coisa que cada vez mais escasseia neste desporto mercantil.

Já não concordo tanto com o endeusamento feito pela trupe benfiquista ao mesmo Rui Costa. O que é demais, além de chatear, fica mal.
Espero ainda que o Rui tenha pelo menos o mesmo sucesso como Director Desportivo como aquele que teve como jogador. Será pedir demais? Penso que sim. Não acredito muito nestas novas vestes. A ver vamos.

1 comentário:

Sãozinha disse...

O Rui Costa é o maior (não há mais do que isto a dizer). O maior benfiquista e a maior inspiração enquanto jogador de futebol. Lagrimita, lagrimita.