5.14.2008

Prémio "Ó pá, caga. Ninguém vê, pá!"

Num interessante livro sobre as desventuras dos ilustres (leia-se representantes do Estado) portugueses em Nova Iorque, escrito pelo dono de uma empresa de limousines, a dada altura conta-se uma história de uma senhora VIP que chegando atrasada a Newark Liberty para apanhar o vôo da TAP para Lisboa, por motivos espúrios e extra-laborais (segundo a mesma fonte e sempre alegadamente...) encontrando não só o check-in mas o embarque já completo, exigiu que retirassem um passageiro do avião para que ela ainda seguisse nesse vôo para a capital do império (falido) que lhe paga o ordenado.
Ameaçando de caminho, tudo e todos, em especial o pessoal de terra da TAP que caso não embarcasse, no dia seguinte "iam rolar cabeças".

Vem isto a propósito da nova classe de privilegiados passageiros de avião: aqueles que em terra, com pompa e circunstância, decretam em geral a proibição de fumar em recintos fechados e em especial em qualquer transporte público, mas depois, a recato da cortininha da Business Class, fazendo pouco de tudo e todos e mostrando aquela sobranceria típica do portugesinho investido de poderes, logo acendem os seus cigarros, alegando que se tratava de um "vôo fretado". "Faz o que eu mando, não faças o que eu faço", no caso será pouco para qualificar estas condutas.

Valha-nos o costumeiro Público para denunciar publicamente (veja-se o gigantesco número de comments à notícia, mais de 300, postados ontem no site do jornal), qual voz no deserto, estas poucas-vergonhas que de forma impressiva e simples tudo dizem de quem manda aqui na feira. Temo que no regresso os jornalistas deste jornal sejam convidados a viajar no porão. Ou tenham que comprar bilhete noutro avião...

Claro está - conhecendo o material de que são feitos estes senhores - que, caso alguém ousasse interromper o momento de deleite fumarento dos senhores governantes, incomodando ainda que brevemente o seu fluxo de altos pensamentos para a condução dos desígnios da nação e da amizade com a Venezuela Bolivariana, ficaria perigosamente exposto a ouvir o já referido "amanhã vão rolar cabeças"...

Volto a Nova Iorque e ao tal livro do senhor das Limousines: nele também se diz que por lá, todos são iguais perante um comando ou proibição da lei. Seja um borra-botas qualquer, seja um Primeiro-Ministro. No exceptions!

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