10.15.2008

Le Mondial c´est moi

Breves sobre a cimeira dos anos pares dedicada ao automóvel em Paris.

  • Estive lá em 94 e 96. A comparação com 2008 traz-nos saudades da espectacularidade dos stands das marcas, claramente em perda nesta edição. Tudo mais simples, clean. Sinais da crise, seguramente. Onde parava a banda de Jazz que tocava sem parar em 94 no stand da Mercedes-Benz num palanque, para deleite dos fregueses?
  • Nota-se um claríssimo aumento do número de visitantes. Fala-se no astronómico número de 1.500.000 visitantes em 10 dias, o que dá uma média impossível por dia.
  • A propósito, passar entre a Ferrari e a Rolls-Royce era um exercício penoso; empurrões, pisadelas, histeria... enfim, o novo California é bonito, mas...
  • Notou-se outra falta: as boutiques de merchandising oficial das marcas. Apenas alguns pontos de venda, com poucos produtos. Desilusão neste ponto!
  • Outros pontos de interesse: naturalmente o estudo da Lamborghini para um carro de 4 lugares e portas, o Estoque (um pouco massivo, mas com pormenores conseguidos, como a bandeirinha italiana no guarda-lamas e as jantes de ... 22 polegadas!), o protótipo (ou como disse um dia um industrial do Norte, o protópito) de uma carrinha de 2 portas da Mercedes, que antecipa o estilo do novo CLK e a frente da clássica (e taxista) Classe E;
  • Prémio "se fosse gaja queria um carro destes para mim": o Volvo XC60. Muito bonito, grande classe e presença. Interior mesmo típico da menina bem. Concorrente directo do BMW X3 e do (horroroso) Mercedes GLK lançado neste Salão.
  • O escândalo: leio ao chegar a Paris que o movimento Greenpeace e mais alguns gays da espécie conseguiram suspender a pista de obstáculos para carros todo-o-terreno que costumava animar o exterior do certame, com a desculpa que estes carros são poluentes, agressivos, etc. Dão-lhes importância e depois dá nisto... imbecis! Recordo que se tratava de uma pista artificial, com rampas, valas, charcos de água e lama, passagens em buracos descentrados, etc, onde (de graça, claro está) podíamos ser conduzidos por um piloto de todo-o-terreno no nosso modelo favorito em todas as situações limite de condução.
  • Prémio "a melhor alcatifa": o piso do Rolls Phantom exposto, de cor azul-arroxeada...
  • O carro mais estranho (quase aberrante): Maybach Landaulette (ou seja, uma limousine cabriolet), para mais, todo...branco! 6 metros de ostensiva provocação, incrivelmente feio e deslocado. Junte-se-lhe o pavoroso Rolls Royce Phantom Cabriolet, que mais parece um barco, dadas as suas dimensões desmesuradas (que confirmei em plena rua, ao ver um pato-bravo aos comandos de um, capota aberta, no meio do trânsito...). Ah, o Cristiano Ronaldo tem um...
  • O stand mais conseguido: Fiat. Sem sombra de dúvida. O 500 gigante, tipo insuflável e as flores gigantes davam um ar soberbo à zona da marca de Turim.
  • O maior buzz do salão: obviamente, a premiére mundial do Ferrari California. Já o disse, é muito bonito, com um ar imponente, mas jamais o compraria: é um dos maiores exemplos de automóvel look at me i´m fucking posh que algum dia vi...
  • A gargalhada do dia: sentar-me ao volante do Land Rover Defender e constatar que nada está no sítio e que a posição de condução é uma anedota sem fim (pernas desviadas, volante enorme, braço esquerdo colado ao vidro...).
  • O carro mais bonito em exposição: Alfa 8C Coupé (ou Berlinetta, como dizem por lá). Um clássico instantâneo, um dos carros mais bonitos algum dia fabricado.
  • O catálogo mais conseguido: Porsche 911. Livro, capas duras, 100% cor, mais de 200 páginas. Insuperável. Tenho todos desde 1994 (séries 993, 996 e 997).
  • Os carros que traria comigo:
  • Porsche 911 Carrera 2 Coupé Prateado PDK (Porsche Doppelkupplung, ou embraiagem dupla) com interior castanho Cocoa e o delicioso pormenor do tecto forrado a alcantara da mesma cor. Simples, versão base (que já se manda para uns desavergonhados 345 cv!) sem grandes adornos nem mariquices. Como sempre, o melhor carro ali exposto!
  • Subaru Impreza STI, na nova versão 2 volumes, no tom de azul muito escuro ali exposto. Uma perigosa aproximação visual ao Lancia Delta (Deltona) Integrale da última geração, um hooligan das estradas. E aquelas bacquets Recaro "for Subaru"...
  • Toyota Land Cruiser V8, cinzento escuro. Um jipe é aquilo. O resto apenas se aproxima.
  • Fiat 500 Abarth Essesse branco. Hardcore italiano, 150 cv num carrinho tão piccolo, só pode ser engraçado. E o interior é do melhor naquele segmento.
  • Volvo XC70 D5 prateada (com rodapé preto) ou Subaru Outback 2.0d (prateada). Máquinas de viajar sem receio de intempéries.
Em suma: nunca é um dia mal passado. É e sempre será um privilégio poder ir ao Mondial de l´Automobile.

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