12.30.2008

Reveillon em tom confessional

Há mais de 10 anos (tempo passa, né?) tive a meu cargo uma missão complicada: organizei, durante 3/4 anos, uma festa de fim de ano. Cujos preparativos incluíam reanimar uma casa abandonada, que só abria para aquele fim de ano e que começavam logo após o Natal e metiam algumas vassouras, baldes de água, uma aparelhagem de som e várias grades de cerveja para animar os faxineiros...
Instalações privadas, o campo como cenário (bem ao centro de Portugal), algumas regras típicas da idade inconsciente dos convivas: ementa fixa, os organizadores locais responsáveis pelo grelhador de febras, por uma panela gigante de caldo verde, um saco industrial de pão caseiro e por não faltar cerveja toda a noite. Os restantes convidados que se juntassem para trazer tudo o resto: bebidas brancas, pretas, às cores, sobremesas, passas (e passa, para dela não prescindisse...).
A música, claro está, nunca prescindia do registo de bom gosto habitual. Nada de brasileiradas, ciganadas, comboínhos ridículos & afins. Quem quisesse essa onda, que se dirigisse a outro estabelecimento. Antes, os habituais Bauhaus (incluíndo um ano em que acabaram 4 ou 5 resistentes profundamente alterados, quase sem luz na sala, a ouvir a versão longa de Bela Lugosi´s Dead...), Pixies, Primal Scream, Iggy Pop, Beck, Cult, New Order, Cramps, Cure, Stone Roses, Happy Mondays, Morphine, and so on...
No auge destes festejos, juntou-se o número absurdo de mais de 40 pessoas naquela festa. Beberam-se mais de 10 grades de cerveja, dezenas de garrafas de whisky, vodka, gin, etc.
Eram tempos de farra, festa e maior abundância que os actuais. E, creio eu, de muito maior vontade ou animus de festa.
Tenho para mim que seria hoje impossível repetir aquele formato de festa.
Mesmo descontando, claro está, os anos que todos temos a mais.
Todos estamos mais acomodados. Ninguém se sujeitava hoje àquela confusão, algum desconforto até, para celebrar um fim de ano. A putalhada actual não se metia numa daquelas...
Em suma, tudo aquilo, hoje, prescreveu.

Mas lá que tinha graça contar a meia noite e dar gás no som com Ziggy Stardust para entrar no novo ano ou ouvir Monkey´s Gone to Heaven ao nascer do dia 1, lá isso tinha. E muita...

Por isso, na nova fase de fim de ano de lareira e tinto, relembro esses tempos muito excessivos em que terminava um ano e outro começava, em condições assaz penosas.

Por aqui me fico, com os votos de bom ano, tanto para os que passaram (o ano) numa terriola à beira do Zêzere em meados de 90, como para os demais que por aqui fazem o favor de passar.

12.29.2008

G, B & U Parte IX

O carro mais bonito do ano: claro está que só pode ser o Alfa 8 C Competizione exposto no Mondial de L´Automobile em Paris. Acrescento tratar-se de um dos mais belos carros de sempre, todas as épocas confundidas...

O melhor carro em que estive sentado: o Porsche 911 Carrera 2 Coupé 997 PDK que estava em exposição no mesmo certame. Prateado por fora, castanho Cocoa por dentro, Coupé (este carro tem que ser fechado, para abertos temos o Aston Martin e os BMW todos), sem mais extras espampanantes. O melhor automóvel do mundo, hoje e sempre.

Os melhores carros experimentados: BMW 123d Coupé e Toyota Land Cruiser V8.
Do primeiro, apenas posso dizer que se andasse mais de um mês com um, o risco de ter um acidente ia subir. E muito. Grande carro, grande motor, muita classe num pequenino Coupé.
Do segundo, que foi das coisas mais brutais que conduzi. Tudo em grande por ali, desde as dimensões ao preço, não esquecendo o sistema de som (Lexus Mark Levinson style, por acaso...), o binário de camião, o troar do V8 4.5 Diesel e o conforto de marcha. Sentimo-nos perfeitamente isolados do exterior, com cara de quem chega a todo o lado montado naquilo, independentemente do tempo, do estado e da inclinação do piso... Acresce ter guiado aquele monstro na mais-que-traiçoeira estrada ao redor do Palace do Buçaco numa tarde de temporal desfeito...

Uma última nota para o surpreendente Lexus GS 450h Hybrid Power, testado em profundidade em meados do ano. Retive a disponibilidade de potência quase instantânea, devida, claro está, à conjugação do motor de explosão com a descarga eléctrica das baterias, tudo num envelope de grande luzo e qualidade, como é apanágio daquele premium label da Toyota.

G, B & U Parte VIII

O melhor Whisky do ano: Old Macallan 12 Anos, oferecido nos alvores de 2008, consumido numa noite só, às mãos de 3 selvagens bebedores, que entre duas mãozadas de caju e algum gelo, diziam eh pá, é mesmo bom este whisky, e eu, anfitrião, a vê-lo desaparecer e os convivas a aumentarem gradualmente o tom de voz... No resto do ano, não voltei a prová-lo, o que é manifestamente lamentável e outro aspecto a corrigir em 2009! Ainda que já esta semana tenha terminado ao noite ao redor de um não menos conseguido Balvenie Doublewood 12 anos, um clássico da maltaria escocesa...

G, B & U Parte VII

A melhor estrada do ano: A Municipal Góis / Colmeal, palco nos anos gloriosos, de um troço de asfalto do Rali de Portugal. Um encadeado de curvas fabuloso, piso em bom estado, marcações no asfalto e rails nos sítios mais perigosos, um pedaço de estrada a pedir uma visita aos comandos de uma máquina com mais de 200 cv, numa qualquer manhã solarenga e depois de uma noite bem dormida...

G, B & U Parte VI

O melhor sketch do ano:



Brilhante a homilia Magalhães e o especial talento do RAP para aqueles personagens portuguesinhos, como o Senhor Padre...

G, B & U Parte V

A melhor acção de campanha eleitoral (de sempre...): Bruce Springsteen nos comícios de Barack Obama. Conforme disse na altura, só aquilo levaria muita gente ao voto no senador de Chicago.
Felizmente, não foi preciso o Boss para que o candidato Democrata ganhasse estrondosamente as eleições Norte-Americanas.

G, B & U Parte IV

A defesa do ano: Peskovic, Guardião da minha Briosa, na visita a Alvalade já este mês. Uma proeza impossível de repetir aquela defesa descompensada, de um lado para o outro, com a bola quase dentro da baliza. Uma defesa fabulosa, que valeu o empate com o Sporting.

G, B & U Parte III

A música do ano: Mansford Roof, Vampire Weekend. Acompanhou o verão ameno de 2008, alguns Gin´s e Portos Tónicos e muitas curvas ao volante.

O concerto do ano: pois não houve. Infelizmente, não assisti a qualquer concerto este ano, coisa que não me lembro de ter acontecido nos últimos 17/18 anos...

G, B e U Parte III

O melhor queijo: uma especialidade da Sardenha, parecido em dimensões ao Parmiggiano, mas cremoso, de barrar tipo Queijo da (nossa) Serra da Estrela. Provado num Turismo Rural nesta ilha Italiana, em visita de lazer em final de jornada de trabalho.
O segredo para o peculiar sabor, intensíssimo? (Contado pelo anfitrião Sardo apenas por eu ser mesmo apreciador de queijo)
Umas moscas que visitam o dito na sua fase de cura, em grande número e algazarra, e que nele depositam as suas larvas, que vêm depois a fundir-se com ele.

Muito bom, a pedir um tinto daqueles poderosos, com uns 14º no mínimo...

G, B & U parte II

O melhor livro: claro está que só podia ser a trilogia Millennium, de Stieg Larsson.
Acabei este fim de semana de ler o segundo volume, "A rapariga que sonhava com uma lata de gasolina e um fósforo". Cito o rating da "Y" sobre o livro: um page-turner viciante.
É disso mesmo que se trata. Não tenho memória de algum dia ter lido 300 páginas de um livro num só dia. Foi o que sucedeu este sábado, com a vontade compulsiva de ver o destino da louca furiosa Lisbeth.
Agora, algúem que se lembre, rapidamente, de levar estes policiais ao cinema. Deve dar uma sessão de estalo!

Good, Bad & Ugly

Telegraficamente, algumas das coisas muito boas passadas, vistas, provadas e experienciadas neste ano de 2008. Devagar, para não maçar ainda mais.

O melhor vinho provado este ano: Quinta do Crasto Touriga Nacional 2005. Lisboa, Junho. Um dos 5 melhores de sempre, aliás...

12.23.2008

A todos

Um Bom Natal.

De volta, após as festividades, se houver muita vontade, com o repositório dos bons & maus de 2008.

Até lá, espumante bruto, branco, tinto e whisky muito velho e bom são os meus votos para acompanhar a desbunda alimentar típica da época.

12.22.2008

Memórias gustativas - um jantar no Gemelli

Cumpre-se o prometido report de um jantar no Gemelli.

Começando pelo fim, diga-se desde já que gostei muito e que foi ao encontro do que esperava.

No entanto, sempre direi que troco este tipo de restaurantes por qualquer um mais aproximado à arte gastronómica portuguesa: peixe e marisco, um ou outro cabritinho e bacalhau, enfim, um incorrigível rural aqui se confessa. Aquele que jamais trocaria uma ida ao S. Gião de Moreira de Cónegos, ao Camané da Ilha d Faro, ao Ribamar ou ao Tony Bar de Sesimbra, à Maria do Alandroal, ao Fernando de Matosinhos, ao Vitor de São João do Rei ou à Casa Mariana de Afife por um restaurante deste tipo...

Voltando à Rua de São Bento, optámos pela sugestão de degustação, 5 pratos, que passaram por coisas tão díspares como vieiras marinadas com um molho aproximado aos sabores da baunilha, esparguete com molho de trufa branca, um prato de carne de javali e uma sobremesa de queijo mascarponne com chocolate... picante (obtido pela fusão a quente com molho wasabi...)! Em geral, tudo muito bem executado, em proporções nada exageradas e ligações simpáticas entre os pratos.

Uma nota altíssima também para o serviço de vinhos, que permite beber quase tudo a copo e assim provar vinhos diferentes consoante a fase do jantar (a que acresce ser sempre mostrada à mesa a garrafa e uma temperatura perfeita tanto de tintos como de brancos, bem assim como copos distintos consoante o pedido): assim, começou-se por um Duplo PR Branco Unfiltered 2007 (que não me surpreendeu, apenas cumpriu), avançou-se em passos seguros pelo já aclamado Duorum Tinto 2007 (um vinho com uma relação preço-qualidade excelente), terminando com o Quanta Terra Grande Escolha 2003, que surpreendeu ao ser provado a seguir ao citado Duorum. Pois parecia vinho açucarado, tal o seu aroma, comparado com a frescura do primeiro.Também por estas variações e mudanças, longa vida ao serviço de vinho a copo nos restaurantes!

Notas finais: conta para 2 pessoas acima dos 125 Euros, mas um restaurante que faz jus à sua fama.
De todo o modo, gostava de voltar, agora para uma refeição normal, pela carta. E, claro está, para aproveitar aquela fantástica selecção de vinhos, ainda que a preços nada módicos...

12.17.2008

Walking Shoes

Sempre que ouço L.S.F., Kasabian, não posso deixar de recordar a minha última passagem por Londres, Junho de 2005, e de uma amplíssima volta a pé, ilustrada por uma playlist que tocou até final da bateria do Ipod, rua fora...

12.16.2008

Ainda o Ponto de Ordem indicado no dia 11

Já está marcada a peregrinação ao templo.
Para dar uma pista, o chef é dos grandes e gostava de ter sido jogador de basquetebol.
Algures no coração da capital. Muito concorrido.

12.12.2008

Branco é

2 Aquisições para um escaldante duelo Norte-Sul, a realizar em breve, de preferência com um peixinho assado por companhia:

Redoma 2007

Herdade dos Grous Reserva 2007

Brancos. Porque nem só de tintos se deve falar.

12.11.2008

Contrato-Promessa

Eu, na qualidade de promitente-vendedor, prometo vir aqui dar conta de uma há muito projectada visita a um dos santuários da mesa Lisboeta, a decorrer nas próximas semanas, se o tempo ajudar.

Ponto de ordem

Ultimamente, pouco ou nada se tem escrito por aqui.
O trabalho tem sido em excesso, na proporção inversa do animus necessário para escrevinhar as inutilidades do costume.
Espera-se, tal como para a conjuntura, uma retoma para breve.
Sem nunca perder o norte à santíssima ordem composta pelos automóveis e pelo que se ouve, lê, come & bebe e se fotografa. E, de quando em vez, se ouve e discute por aí.

12.06.2008

Happy end

São 4.05 da manhã, acaba uma intensa noite de trabalho quase sem paragens (para lá da obrigatória pausa às 22.45 para o resumo do Rali de Gales no Eurosport, imperdível sob qualquer pretexto) ouvindo alto e bom som, via Ipod, Rebellion (Lies), Arcade Fire, porque há músicas que sabe tão bem ouvir, seja a que horas for...

12.02.2008

Brincando aos clássicos instantâneos

Mais uma malha jamais esquecida, companheira, amiga, palhaça...