2.17.2009

Os Cruzados (contra as restrições às liberdades)



Leio, atónito, esta noticia, no site da revista Land Rover Owner International.

Para quem não sabe, o raid Croisiére Blanche é um passeio todo-o-terreno, não competitivo, cuja particularidade é decorrer integralmente sobre neve, em caminhos dos Alpes Franceses e cuja primeira edição remonta a 1977. Trata-se de um dos mais espectaculares eventos desta natureza, acessível a um bom todo-o-terreno (não um daqueles SUV da moda, claro está) desde que equipado com pneus de tracção e correntes nas 4 rodas.

Realizou-se todos os anos. Até este ano.

Altura em que um grupelho de "ecologistas" conseguiu ver deferida uma providência cautelar por um tribunal francês que interditou este passeio, por "atentado ao ambiente". Provavelmente o mesmo grupo que impediu a realização da tradicional pista de obstáculos 4X4 no Salão de Paris, em Outubro último.

O inevitável Miguel Sousa Tavares, também ele um conhecido adepto desta forma de evasão (militante do mítico Raid Transportugal, onde participou em 22 de 25 edições!), já vem avisando há tempos que o legislador português, sempre atento a estas modernices vindas da estranja, não tardará também ele a começar a cercear as liberdades de passeio (e de vistas, principalmente) de quem gosta de passear de jipe fora de estrada em Portugal.

O que esses meninos "ecologistas" citadinos desconhecem, eles que tanto gostam de ruminar nos seus Meuns McDonalds e de frequentar aqueles encontros "fracturantes" que se debruçam sobre as "grandes questões do nosso tempo", é que estes passeios, realizados por pessoas civilizadas e muitas vezes com mais consciência ecológica que eles, são um contributo para levar gente às zonas desertificadas dos territórios, animar os que por lá vivem (com a buzinadela ou o aceno à velhota e ao pastor...) e para limpar e desimpedir caminhos pouco trilhados para que no futuro, em caso de incêndio, os bombeiros neles circulem mais facilmente.

Coisas que, obviamente, os ditos "meninos" desconhecem, porque no bairro da cidade onde vivem não há pastores, caminhos ou incêndios florestais. Isso, só na TV e na Net...

Só mais uma coisa: a foto que ilustra este post foi tirada no Douro Superior, perto de Torre de Moncorvo, em 2005, num desses passeios que nos levam onde os outros nunca foram.
Num local que se prevê vir a ser inundado pela construção da célebre Barragem do Sabor. Que, entre outras coisas, servirá para alimentar de energia os MacBook prateados dos meninos da cidade.

3 comentários:

Anónimo disse...

concordo. temos é de aproveitar o nosso douro, antes da era do desenvolvimento
D.

Pat Pending disse...

Caro, foi neste ano, neste passeio, que entrei no Larinho ao contrário...

Há que repetir, rapidamente!

Kat disse...

This is a very interesting story. I would really like to have a further contact with the blog owner. Could you please give me an email address? Thanks-Katerina