8.23.2005

Trapalhadas, Incúrias, Sortes, Imprevistos & Grunhices, E.P. (a very Portuguese tradition)

Estamos para aqui a lamentar-nos do que já passou.
No entanto, apetece-me elencar mais duas ou três situações:

Fiz a lindíssima estrada (em ambos os aspectos de scenario florestal, sem aldeias ou maisons e condução, julgando mesmo ter já servido de troço cronometrado de um Rallye do Nacional) Caminha-Paredes de Coura para ir ao Festival na Quarta-feira 17.
Lembro-me agora que toda essa zona foi varrida pelo fogo três dias depois.
Pergunta-se: e se esse incêndio, de dimensões brutais, tivesse ocorrido durante o festival, com 20.000 pessoas encurraladas numa vila rodeada de floresta e com estradas manhosas para de lá saír e entrar?
Alguém previu essa ocorrência? Se fosse preciso evacuar aquela gente toda, sendo até fácil que o incêndio, conduzido pelo vento, se dirigissse para lá?
Para ilustrar melhor, imagine-se um festival de música no Piodão ou em Côja com 20.000 pessoas e haver por lá um incêndio. É isso. Ou pior.
A sorte andou por ali.

Sorte que acompanhou igualmente aqueles grunhos que durante vários anos assaram sardinhas, febras e pimentos num porão de um catamarã convenientemente envernizado com materiais altamente inflamáveis carregado de turistas na costa algarvia e só agora pegou fogo, valendo-lhe navegar naquele momento muito perto da costa, contando por isso com o auxílio de muitas embarcações de recreio e motas de água que foram recolher os desgraçados turistas que boiavam já ao redor da pira em que se tinha entretanto transformado o barco.
Felizmente ninguém sofreu (fisicamente) com o sucedido, já que muitas carteiras, dinheiro, máquinas digitais e telemóveis dos passageiros devem ter-se perdido, assados junto com as sardinhas e o plástico das cadeiras do barquinho....

Outro caso que me recordo é o do estacionamento junto ao recinto do Festival Sudoeste, na Zambujeira do Mar.
Estive por lá a última vez em 2000, mas duvido sinceramente que a situação se tenha alterado desde então, ao abrigo da nossa costumeira filosofia do "toumeacagar" e do "sem stress".
Sendo o recinto junto a uma grande recta, mas recuado, a parte confinante com a estrada serve de estacionamento de milhares de carros dos festivaleiros.
Ora esse estacionamento estava em 2000 (e nos anos anteriores) forrado com mato sequíssimo da altura do capot dos automóveis, que is sendo derrubado pelos mesmos!!
Acresce que o estacionamento era de tal forma caótico que quase não sobrava espaço para circular entre os carros.
Sabendo-se as altas temperaturas atingidas pelo carter e linha de escape+catalisador destes, imagine-se a tragédia de um incêndio em série de milhares de automóveis potenciado pelo mato que os rodeia e lhes serve de "cama" e pelos depósitos de gasolina dos mesmos, até porque é quase impossível a um carro de bombeiros pesado entrar naquela selva de carros...
E atrás destes carros emparelhados caoticamente fica precisamente o recinto cheio de gente e o parque de campismo!
Relembro que esta era a situação em 98 e 2000, não sei se mudou entretanto.
Mais uma vez a sorte e o destino quis que nada se passasse por aqui, fazendo jus ao ditado, aqui aplicável com grande propriedade, de que "ao menino e ao borracho [bêbado ou jovem, entendam como quiserem...], põe Deus a mão por baixo"!

Querem mais?

1 comentário:

Anónimo disse...

intiresno muito, obrigado