12.28.2007

As time goes by

Assim termina o ano por aqui.
Como se nota, faltou-me manifestamente pachorra para organizar aquelas coisas habituais do que prestou e não prestou este ano.

Ainda assim, telegraficamente,

gostei muito:

- de vários vinhos que provei, dos quais destaco os Poeira e Pintas 2004, o fabuloso Vale Meão 2005 bebido na Consoada, o Redoma Reserva 2006 da mesma noite (ainda assim em pior forma que o inesquecível 2004 do ano passado), Quinta de Porrais Branco 2006 e do Valle do Nídeo 2005 (a subir em relação ao 2004);

- de voltar a ver o Rali de Portugal a contar para o Campeonato do Mundo, ainda que a sul e não em Fafe ao nascer do dia;

- das romagens da saudade a Arganil (Julho) e à sequência Sintra - Gradil - Montejunto (Novembro) e do grupo de autênticos fanáticos que por aí tive o enorme prazer de conhecer;

- de jantar no novo D.O.C. da estrada Régua / Pinhão;

- de voltar a ver os Arcade Fire ao vivo;

- de voltar à muralha de Cacela-a-Velha e confirmar que aquela paisagem de fim de tarde continua lá à minha espera;

- dos percebes (understands, para a ASAE) do Fernando de Matosinhos;

- de ter tido o privilégio de conhecer Roma a fundo e (quase toda) a pé e confirmar o que toda a gente sabe;

- do magnânimo Chuletón de 750 grs. do restaurante Cabana Las Lilas das docas de Buenos Aires;

- do combate VasquinhoPV / MST por esses jornais fora;

- da série de programas "Portugal: um retrato social", confirmando a minha enorme admiração pelos trabalhos de António Barreto, já louvados por aqui.


Não gostei mesmo nada:

- de ver que poucas coisas mudam e daquelas que mudam, muitas deviam ficar iguais...

- de não ter tido oportunidade de ver Control no cinema na cidade em que vivo, pelo simples facto das salas serem todas do mesmo dono e este não ter tido interesse em passar o dito filme em qualquer delas. Por isso, para esses senhores, o meu protesto em forma de DVD pirateado!

- de ver subir o preço do gasóleo até quase 250 paus dos antigos;

- de ver passar à minha frente tanta e tão variada filha da putice, mascarada em vestes muito díspares, ou como diria o Doutor Gomes Canotilho, "afivelando máscaras diferentes";

- da tentativa generalizada de homogeneizar a nossa vida, de fio a pavio, que devemos agradecer a quem nos governa e ao legislador, "esse (como me disse um dia um venerando Juiz Desembargador de uma Relação qualquer)... bêbado" (fim de citação). Entre outros, claro está;

- de ter passado um ano inteiro-365 dias-inteirinhos sem ter dado uma voltinha de Lancer Evolution VII ou nalgum Porsche (conto que o ano par que se insinua ao virar da esquina acabe rapidamente com este mal...);

- de ver uma superlativa besta gorda com uma gaja ao lado roçar o carter de um fabuloso Aston Martin V8 azul escuro novinho em folha numa berma junto a um restaurante da moda nos Algarves de Agosto;

- de ser governado por um estado de ditadura disfarçada e movida a sound-bytes.

E por ora chegará.

Já tenho comigo um Queijo da Serra e meio de Serpa, 3 charutos e uma caixa de munições Quinta do Crasto de anos diferentes, encimada por um prometedor Reserva Vinhas Velhas 2001 para por fim a este ano e entrar manso no próximo a descascar uma playlist de 7 horas de músicas que só a mim me apetece ouvir, tão estupidamente diferentes que vão de M´as Foice (prémio da gerência a quem se lembrar / souber do que se trata) a This Mortal Coil, de Dead Kennedys a Jamiroquai, de Klaxons a Buraka Som Sistema passando por Emir Kusturica & the No Smoking Band e terminando algures perto de Stone Roses e Xutos & Pontapés...

Já não será mau se ainda tivermos uma réstia de vontade para aparecer por aqui e escrevinhar qualquer porcaria em Dezembro de 2008.

Façam o favor de recusar liminarmente qualquer oferta de espumante meio seco ou doce e de qualquer espécie de vinho martelado na última noite do ano e façam o favor de não só de fazerem pela vidinha como de serem felizes em 2008, sim?

Obrigadinho. Abraços.

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