9.19.2005

Media Players

Não deixa de indignar o tratamento dado pelos media ao desporto automóvel.
Vem isto a propósito, mais uma vez, do súbito aumento de interesse, de páginas e de notícias de TV dedicadas ao triste acontecimento do Rally de Inglaterra.
Lembro que aconteceu, no Rally do Centro um acidente que podia ter tido consequências igualmente graves, com um despiste seguido de incêndio de um concorente.
Felizmente nada se passou, mas estou certo que se tivesse havido sangue, lá estariam as TV´s a filmar e os jornais que nada ligam a estas coisas a relatar criticamente, como aconteceu nos Açores com o acidente (de estrada, acrescente-se) de Ricardo Teodósio.
Não valerá a pena relembrar que este é um desporto de risco. Tal como as corridas de motos. E tal como o ski de neve, até na modalidade amadora, em pista azul. Mas riscos corre-os quem quer. E, pelo que se vê, há muita gente que quer corrê-los, na verdade.
A propósito, recordo-me de umas palavras de Pedro Lamy recentemente, em que defendia que se o seu filho, agora com 2 ou 3 anos quisesse enveredar pelos automóveis de competição, ele apoiá-lo-ia e não se sentia assim tão mal com os riscos corridos pelo rebento, lembrando o perigo constante que é andar na estrada como toda a gente e todo o aparato de segurança (activa e passiva, no automóvel e ao redor dele) que rodeia, hoje em dia, os pilotos.
O que é triste é que a maior parte dos media só se lembre destas coisas na hora da desgraça... Mas também o gordo e ignorante povo, grunho e malcriado, sentado no seu sofá, o que quer é sangue e desgraça, para preencher o seu tempinho morto entre o jogo de futebol da tarde e a leitura do Record e da Nova Gente.
Mas principalmente:
assuma-se que tudo isto comporta riscos e que a qualquer momento pode alguém aleijar-se ou mesmo morrer, mas não se mediatize tudo, só sublinhando o que não presta.

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