5.22.2006

Imperial & Tremoços

Leio com espanto a imposição da FIFA junto dos operadores de TV licenciados para a transmissão do Mundial de futebol nos diversos países, segundo a qual será proibido proporcionar meios de transmissão dos jogos em locais públicos, tais como cafés, bares, pubs e outros. Alegadamente, por respeito aos patrocinadores (!!) do torneio...
Assumo desde já a minha reforma dessas vidas de rua para assistir a jogos, por alturas do Euro 2004. Actualmente, o regime vigente é o do futebol caseiro, com algo para trincar e para beber por perto. Sossegadinho.
Todavia, todos os que gostam de futeobl já se encontraram por circunstâncias diversas longe de casa em dias de jogo.
Como aconteceu no meu caso com o Porto-Celtic de Sevilha, a que assisti num bar irlandês em Copenhaga numa enorme pândega de copos e confusão, à final da Champions League do ano passado num restaurante grego em Amesterdão ou (mas cerca) à meia final Chelsea-Liverpool da mesma competição no famoso Stop de Campo de Ourique. Como ficaria se me privassem de assistir em directo a estes jogos?
Junte-se todo o universo de adeptos que não são assinantes de canais pagos em suas casas, por opção ou por manifestas (e justificadas) razões orçamentais.
Remate-se esta rotunda estupidez com a conclusão de que, até novas ordens, se há desporto de massas por excelência, ele é seguramente o futebol.
Em tempos, o senhor Ecclestone, na sua sanha por mais dinheiro, tentou que a Fórmula 1 fosse vista apenas em sistema pay-per-view. Fracasso total de aderentes. Acabaram aliás por ser os patrocinadores das equipas a asumir o carácter mass market da F1, necessariamente aberto a todos.
Ora se isto foi válido para a F1, que dizer do futebol?
Haverá gozo maior que partilhar um jogo da bola numa praça cheia de gente ou num café barulhento cheio de fanáticos de volta de uma imperial e de um pires de tremoços?
Ó meus senhores, deixem-se de merdas. O futebol é património do povo!

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