5.14.2007

Bola. O fim, por ora

Pouco se falou de bola por aqui esta época.

As razões são facilmente apreensíveis: falta de qualidade crescente do espectáculo em Portugal, afastamento gradual da verdade desportiva, excesso de exposição do fenómeno, imprensa conivente com o lodo.

A primeira das razões:
continuo a achar que a Académica praticou o pior ano de futebol desde que subiu de divisão. Manifesta falta de qualidade da esmagadora maioria dos jogadores e um treinador com opções estranhíssimas, a que se somava no fim aquela conversa gongórica, ganhasse ou perdesse os jogos.
Dos muitos jogos que vi este ano, dei por mim ontem no final do jogo a interrogar-me se tinha assistido a mais do que uma vitória (!!!) no Municipal de Coimbra. Mau demais para ser verdade.
Por mim, ia tudo borda fora, apenas ficava cá o seguinte lote de jogadores: Pedro Roma (para mim, a merecer o título de jogador do ano, o maior!), Káká, Sarmento e Vitor Vinha pela margem de progressão, Brum, Filipe Teixeira, Dame N´Doye, Lino (a extremo esquerdo e a marcar livres), Hélder Barbosa (uma pena a sua lesão este ano...) e Joeano.
Valeu à Briosa que, abaixo, flutuaram três equipas ainda piores que nós. Nem imagino o que isso seja...
Nos lugares cimeiros, a mais que previsível vitória do Porto no campeonato deve-se principalmente à falta de aproveitamento das abébias que estes deram ao longo da época por parte de Benfica e Sporting.
É caso para dizer que só não ganharam o campeonato porque não quiseram.
Aproveitando a mediocridade patente do treinador portista, uma perfeita nódoa, um borradinho, medroso, a fazer recordar pelo contraste o mal-amado Co Adriaanse, muito mais virado para o espectáculo. Ao Prof. Jesualdo, agora nas conhecidas e públicas vestes arrogantes, ficava-lhe mesmo bem a derrota em casa com o Aves e a condenação, em processo sumaríssimo, pelo Tribunal das Antas em sessão de final de ano!
Assim sendo, nesta bizarria toda, só faltava mesmo o Benfica ou o Sporting serem campeões ao cair do pano.
Os primeiros, após terem dado o berro colectivo a nível físico, com o plantel mais fraquinho dos três grandes. Os segundos, após muita irregularidade e mau futebol. Seria uma barrigada de riso!

A segunda razão:
Some-se o gradual distanciamento do Processo Apito Dourado do palco mediático (arrumado lá, onde tudo é esquecido e branqueado) ao conjunto de infames roubalheiras a que assisti em Coimbra este ano para confirmar, se necessidade houvesse, que o lodo continua presente. E a tampa do esgoto escancarada.
Braga, Boavista, Setúbal e Sporting, quatro jogos, 12 pontos possíveis, apenas um marcado, com o denominador comum do gamanço despudorado a que assisti.
De onde emergiu claramente a actuação mafiosa do senhor Olegário de Leiria há 15 dias atrás, um clássico para mais tarde recordar...

As duas últimas razões (em formato de interrogações):

- Porque é que só se fala de futebol nos media portugueses, em detrimento de TODAS as restantes modalidades desportivas? Porque é que temos que assistir à conversa fiada dos intervenientes todos os dias, a vomitarem sempre as mesmas banalidades (alguns deles de fato e gravata e chapéu cor-de-laranja)?
- Porque é que NÃO HÁ notícias sobre o processo Apito Dourado em NENHUM dos três jornais desportivos diários portugueses?
- Porque é que os mesmos jornais dão notas positivas a árbitros que no dia anterior roubaram de fio a pavio (como bem fez A Bola após o jogo AAC/OAF - Boavista)?
- Porque é que as TV´s, incluindo o canal pago SportTV dão resumos de 30 segundos de jogos não transmitidos em directo onde houve grossa roubalheira e não aparece nenhum dos lances polémicos? E de seguida nos brindam com minutos e minutos de declarações dos treinadores, jogadores, presidentes, etc? Mas que merda, as pessoas querem ver futebol ou cromos a falar? Relembre-se, a propósito, a escandalosa operação de branqueamento da arbitragem do AAC/OAF - Sporting de ontem, onde os senhores realizadores da SportTV (certamente executando ordens superiores) se esqueceram, no dito resumo, de mostrar o penalti roubado à Académica, o contra-ataque parado a meio-campo com a mão por um jogador lagarto e a falta que daria, em qualquer lugar do mundo, o segundo amarelo a João Moutinho...
- Porque é que o sr. Olegário apanhou 3 jogos de suspensão após o assalto de Coimbra e a notícia foi nota de rodapé, escondidinha e só em poucos jornais?

O que se depreende disto tudo? Imprensa subserviente, marca indelével de sociedade atrasada, terceiro-mundista, manipulada e oprimida.

Tudo muito mau, azedo e de má pinta.

Espera-se que a rentrée, lá para inícios de Agosto (por causa do Europeu 2008), traga coisas bonitas, positivas, como diria Artur Jorge.

Falta agora arrumar o futebol a sério, com jogos muito a sério: finais de Champions e UEFA e, no próximo sábado, a fabulosa final da Taça de Inglaterra, no novo Wembley. Isso sim é espectáculo de futebol!!

Até para o ano, as trivialidades do costume seguem dentro de momentos.

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