A propósito das alterações da ordem pública em cidades francesas, agora que a poeira assentou um pouco, caberá quanto a mim referir que estive a última vez em Paris em 1996 e já nessa época se ouviam vozes bem alto contra os imigrantes, especialmente os de origem africana-magrebina e os conotados com o Islão.
Julgo que a nota reactiva do governo era a que se esperava, ainda que o tom que a sustentou tenha sido excessivo.
Pois se por um lado (quase) nenhuma razão legitima a alteração da ordem pública, os distúrbios e a destruição de bens públicos e/ou privados, devendo ser todos por igual reprimidos pela autoridade do Estado, ainda que pelo uso da força, já o emprego de expressões como "repressão da escumalha", como ouvimos a Sarkhozy (se não se escreve assim, pardonnez moi), apenas têm o condão de ampliar o confronto, chamando mais e mais gente para a rua.
E a colar ao governo francês e por arrastamento à sua sociedade o rótulo de uma certa ideia de superioridade, quando não mesmo de sectarismo. Que alguns relatos nos nossos jornais de referência tão bem têm dado a partir de Paris, Lyon e outras cidades.
São em alguma medida compreensíveis as reacções dos manifestantes, pois viram defraudadas as suas expectativas de emprego certo e bem pago, justiça, protecção social e desenvovimento que sempre ouviram falar em relação aos países europeus e que os levou a abandonar os seus miseráveis e corruptos países de origem.
E, nesta segunda ou terceira geração, até mesmo enquanto cidadãos franceses de papel passado.
Todavia, toda a razão cai por terra com o modus operandi empregado pelos desiludidos.
Até porque nos nossos dias todos nós temos razões para nos sentirmos desiludidos ou pelo menos a olhar para trás e a ver que certos tempos, privilégios e regalias já não voltam mais.
Por aí, justifica-se a repressão, proporcional à destruição causada. Contra nacionais ou imigrantes, tanto faz.
Já agora, só tive pena que no comício fascista do senhor Le Pen ontem realizado não se tivessem arregimentado umas centenas de magrebinos e lhe dessem, a ele e à sua corja de incendiários de opinião, uma valente carga de porrada.
Nós por cá continuamos a manhã solarenga ao som de Mano Negra. A propos.
11.15.2005
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